SEGUNDA PARTE
Eis a seguir, como Miguel relata o que ocorreu no dia X:
"Na véspera do dia X uma amiga me telefonou dizendo que tinha encontrado a modelo que eu tanto procurava e propôs nos encontrarmos na boate que ela freqüentava. Eu estava tão ancioso para vê-Ia! Quando ela chegou. fiquei fascinado: era exatamente o que eu queria! Não tive dúvidas: fui até a mesa dela. Apresentei-me e pedi para ela posar para mim. Ela aceitou e marcamos um encontro no meu ateliê às 9 horas da manhã. Eu nem dormi direito naquela noite. Levantei-me ansioso, louco para começar o quadro; nem pude tomar café, de tão agitado que estava por dentro."
"No taxi. comecei a fazer um esboço mental. pensando nos ângulos da figura. no jogo de luz e sombra, na textura, nos matizes"
"Quando entrei no edifício, eu estava cantando baixinho. O zelador falou qualquer coisa comigo e eu nem tinha prestado atenção. Aí eu perguntei: O que foi? E ele disse: Bom Dia. Nada mais do que bom dia. Ele não sabia. Nem podia calcular o que aquele dia significava para mim! Sonhos, fantasia, aspirações. Tudo ia se tomar realidade, em fim, com a execução daquele quadro! Eu tentei explicar para ele. Eu disse que a verdade era relativa, que cada pessoa vê a mesma coisa de maneira diferente. Quando eu pinto um quadro, aquilo é a minha realidade. Ele me chamou de lunático. Dei uma risada e disse: Está aí a prova do que eu disse: o lunático que você vê não existe"
"Quando eu subia a escada. A faxineira veio me espiar. Não gosto daquela velha mexeriqueira. Entrei no ateliê e comecei a preparar as tintas e a tela. Quando estava limpando a paleta com uma faca. tocou a campainha. Abri a porta e a moça entrou. Ela estava com o mesmo vestido da véspera e explicou que passara a noite em claro numa festa.” "Eu pedi que sentasse no lugar indicado e que olhasse para o alto... que imaginasse sofrendo... que..."
"Ai ela me enlaçou o pescoço com os braços e disse que eu era muito simpático. que eu era um pão. Eu afastei seus braços e perguntei se ela tinha bebido. Ela disse que sim, que a festa estava ótima, que foi pena eu não ter estado lá, que sentiu muito a minha falta, que tinha gostado demais de mim. Quando me enlaçou de novo, eu a empurrei e ela caiu no divã e gritou.”
"Nesse instante a faxineira entrou e saiu berrando: assassino! assassino! A loura levantou-se e foi embora me chamando de idiota. Ah... a minha Madona ..”
CONCLUSÕES:
- Por que cada pessoa viu Miguel de forma diferente? Identifique algumas das possíveis causas.
- Como Miguel contribuiu para a percepção dos outros?
- Quais as mensagens do caso?
- Que interferências de ordem geral podemos fazer?
- Quais os diferentes rótulos que os personagens deram a Miguel?
- Releia as respostas que você deu, ao final da primeira parte: você as mantém? Por que?
- Há divergências de percepção no seu ambiente de trabalho? Pode citar algumas?
- Falhas de percepção podem acarretar conflitos ou problemas de relacionamento?
- Falhas de percepção podem acarretar injustiças?
- O que fazer para evitar ou minimizar falhas de percepção?